segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Benquerença álgica


Ela reaparece
Talvez nunca tenha sumido.
Quiçá tua aparência seja imutável, estagnada.

- O peito doí

Tua espada flamejante corta-me a alma.
Eu, por minha vez, por minha fraqueza e desalento
Deixo que ela desamarre o laço de tom ameno.

- O peito doí

Os dois lados da fita aos poucos vão despegando-se
O momento e de espera, dor e separação inteira.
Não há nada mais a fazer...

- O peito doí.



Ethienne Peixoto 14h29min// 22.12.2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poesia: Eu escrito em papel

             Sem tom de mim
Esparramado em teu cabelo ilusório, ponho-me diante de ti nesta noite chuvosa de domingo.

Meu sorriso não é tão verdadeiro, pois as destrezas vividas hoje foram pulsantes em demasia.
Pulsava-me o punho
Pulsava-me a testa
Pulsava-me o tempo
Pulsava-me a alma

Apenas não me pulsavam as lagrimas, pelo simples motivo de lembrar-me de tua singela face.
De tua voz em tom suave
De tua pele em calafrios
Dos nos que damos em nós por cima dos lençóis, envolvidos em papel e caneta.

Minha prosa de faces múltiplas, teu sorriso é mais intenso que a lua.
Por isso te deixo nua, na mente que qualquer um que te queira crua, que te divida em duas, que te suplique a rua, que te imagine e devaneei, mas não tão pouco impura.
És minha em todas as noites de domingo, em todas as noites desse tempo, que apenas torna-se alento ameno após passarmos pela total volúpia do vento.

Ethienne Peixoto// 1h55min// 24/11/2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Ato: Quimera

Quidam


Leio tuas imagens
Em sonho aparece-me com uma face desconhecida, com um sotaque diferente.

Quem és tu?

Imagem de um rosto qualquer vista num desses 23 anos?
Parecia verdade, uma paixão intensa.
Salvação, apreço ameno.
Senti tuas mãos em meu rosto tocando-o bem devagar.

E aqueles olhos... Será que foi real?
Virtude foi te ter naquele ensejo.

A arte, a cultura, a praia, a brisa, a escada, o chão.

Será que algum outro ser já teve tal sensação?
Será que um dia tu vens em tom claro?
Fica-me a duvida. Me sana a duvida!
Minha sutileza.

Meu Quidam de uma noite desnuda.


Ethienne Peixoto 10h51min // 19/11/2014

Ato: Azul

Estação de Melancolia


Tão intenso que já me toma o peito
Tão intenso que me contraio em rigidez e torno-me flácida.
Tão intenso que calafrios metamorfoseiam-se em mar.
Tão intenso que decisões se embaralham em interrogações.
Tão intenso que a primavera se faz inverno.
Tão intenso que os intensos se repetem intensamente.
Tão intenso que o inverno de primavera torna-se um verão gélido.
Peito flácido em mar com interrogações de um inverno intensamente gélido.


Ethienne Peixoto// 17h16min // 29/09/2014.

ROMA Espelhado: Azul

Uma pitada de romantismo: Desconfiar


Olhos abertos para tempestade.
Olhos abertos para quem se julga o melhor.
Olhos abertos para a intolerância.
Olhos abertos aos invejosos.
Olhos abertos para o cacho de tinta sem cor que quer esvai o amor.


E.P // 18h42min// 16/11/2014.

Ato: Célere

Passions (Flor em ebulição).

Vivo todos os dias paixões.
Paixões pecaminosas, malucas e atraentes.
Difícil leva-las até o coração.
Sinto a necessidade de mantê-las na pele, quente, em estado de frenesi.
Penso em orgias perfeitas para cada caso.
Por vezes as penso unidas, onde todos os sentidos gritariam com intensidade.
Ahhhh, carne impura, insana e imoral.
Minhas paixões tem cor de arco íris, de vez exalam perfume de rosa, de vez me roçam a barba.
Todavia, há uma paixão que sou “fiel”, cujo, amor entrelaça-se em todos os pontos.
Tenho uma que não quero deixar jamais.
Meu amor sexual, meu prazer vital, meu bem.
A paixão invulgar que me invade a alma e o coração
A única que estagna em mim, com um tom de azul turquesa.

Ethienne Peixoto// 1h08min 23/07/2014

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Insanidade em cena: Si

Analista e Analisado


- O que temos hoje?
( silencio)
- Como foi sua semana?
- Estou confusa. Por vezes digo palavras e as frases não se completam. Esqueço certas expressões. Confundo sentimentos, pois não paro, no momento dos atos, para identifica-los.
- E depois?
- Penso em tudo. (silencio)
- Tudo o que?
- Tudo o que não havia pensado antes, em todas as palavras que eu poderia ter dito no ensejo... Eu, por vezes, fico pensando, sabe?
- Sei... O que você gostaria de fazer?
- Gostaria de ser uma pessoa melhor... Melhor para a minha família e amigos. Não queria ter este sentimento dentro de mim.
- Que sentimento?
- Este de insegurança, de achar que eu não sirvo para nada, de por vezes me sentir maior, sem diminuir ninguém... Este sentimento de incapacidade.
- O que você pensa disso?
- Que os seres humanos se destroem e se deixam destruir.
- Em qual das duas opções tu se ver com mais força?
- Na de se deixar destruir... Eu tento ter coragem, e por vezes sou muito.
- Então? Por que de tais obstáculos?
- Eu não entendo também. As vezes me pergunto, o que fiz de errado? Será que já não sofri demais?
- Será?
- Eu sou uma pessoa boa... Você acha?
- Você se acha uma pessoa boa?
- Sim! Eu zelo pelos outros, busco cuidar para que as coisas se encaixem, para que tudo se ajeite.
- Mas, faz isso por quê?
- Não sei.
- Algumas vezes temos que deixar que as coisas e pessoas tomem seus rumos, sem influenciar muito, entende? (silencio) Não tome todos os problemas para si. Viva mais! Nem sempre tu precisarás ser uma pessoa melhor. As pessoas magoam as outras, sem querer. Não há como agradar o outro o tempo inteiro. Não se acomode no “se deixar destruir”.
O mesmo dialogo ocorre algumas vezes durante o ano. Quando o ego e a alma estão feridos, as lagrimas rolam... Por vezes o eu tenta prende-las, sufoca-las. Todavia, se surge uma melodia mais suave e singela, as grades da prisão de mim arrebentam-se e as vibrações musicais penetram cada poro do corpo enfraquecido. As notas emaranham-se juntamente com as moléculas e transbordam as retinas, fazendo com que assim os pequenos pelos do corpo se ponham em calafrios.
Após este ensejo, dar-se-á início a uma nova fase, e o Eu e Mim, misturam-se novamente em analista e analisado.

Ethienne Peixoto

17/01/2014 14h36min.